Nivelando por baixo.

Certa vez em uma competição atlética, um grupo de amigos realizaram a primeira participação no evento depois de terem concordado em medir as suas capacidades neste. Eram um grupo de vinte atletas amadores que corriam nos finais de semana nos parques da cidade em que viviam sem almejar algum tipo de façanha que os destacassem dos demais. Mas ao ingressarem em uma competição oficial, parece que lhes mudou o grau de competitividade que possuíam. No dia da competição, todos estavam entusiasmados e aflitos para que chegasse a hora de começar a famigerada corrida. Bem aquecidos e alertas, comentavam entre si qual seria a estratégia de corrida e também distribuíam-se deboches para menosprezar os adversários e valorizar o potencial de si mesmos.
Dada a largada, todos corriam no mesmo ritmo e próximos uns dos outros. Percorridos os primeiros quilômetros, o grupo começou a se dispersar e uns foram a frente e outros foram ficando mais atrás e a medida que a distancia planejada da corrida aumentava, mais os grupos se distanciavam.
No final da corrida, cada um dos participantes foram agraciados um uma menção de mérito por terem participado do evento sem ter sido levado em conta, a posição de chegada de cada um obteve. Porém como é de costume no mundo do atleta amador onde chegar na frente é mais importante que competir, cada um começou a se vangloriar da posição que obteve em relação ao atleta vencido. Daí formou-se uma ordem de chegada e fizeram questão de registrar e consagrar um vencedor dentre eles. Dentro daquela grande euforia, decidiram que no ano seguinte, todos voltariam a competir e consagrar outro campeão.
No ano seguinte, lá estavam os vinte amigos para repetir a façanha e correr atrás da vitória. Deu-se a largada e como na primeira vez e nos primeiros quilômetros, parte do grupos se destacou e a outra parte foi ficando para trás e no final da corrida, se reuniram para avaliar os resultados de cada um. Por coincidência ou não, o resultado foi exatamente o mesmo da edição anterior. Embora a maioria estava aborrecida pois não conseguiram avançar na competição, o resultado foi bem aceito e num clima de festa, todos se comprometeram a voltar o ano seguinte para quebrar aquela pequena via de regra.
Ano seguinte e mais tantos outros passados, começou a apresentar um mau estar pois o mesmo resultado se repetia anos após anos sem que algum deles conseguisse alterar aquela ordem de chegada. O grupo que mais se atrasava na chegada, começou a se incomodar com aquela situação e resolveu apelar para tentar mudar aquele estado de coisa. Analisaram todos os aspectos da corrida e traçaram uma estratégia para derrotar aquele que sempre chegava a frente. Estudaram os pontos fracos daquele competidor e criaram um plano infalível que iria dar fim aos momentos de glória do grande campeão. Combinaram criar uma fantasia unica em forma de bandeira em que todos os membros do grupo iriam colocar a cabeça em um furo desta para prestigiar a participação do mesmo na famosa corrida e aparecer na televisão que transmitia a corrida ao vivo e quem de fato se considerasse parte deste grupo, deveria ser fiel à idéia. No final de mais uma corrida, todos chegaram praticamente juntos e na contabilização da ordem de chegada não houve um campeão a ser ovacionado.
Nas organizações acontecem coisas semelhantes, amarram-se os talentos para os deficientes aparecerem e justificar suas presenças nestas.
O gestor deve aprender a identificar os talentos e dar a estes, condições de correr em frente puxando os demais do contrário, todos ficarão para trás.

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