Para o gestor, é muito importante ter conhecimentos de várias áreas e dispor destes como instrumentos para aplicação em suas atividades. Os conhecimentos técnicos adquiridos no ambiente acadêmico são de suma importância e tem relevância similar aos adquiridos nos longos anos de experiências vivenciadas nas organizações.
Ocorre que em certas circunstâncias, determinados conhecimentos não estão ao nosso alcance devido a fatores diversos como, por exemplo, as políticas globais das grandes empresas que fluem até um determinado nível de diretoria e não apontam nas camadas inferiores das hierarquias. Se para certas informações internas de interesse geral da organização existem restrições para suas divulgações, qual será o tratamento para aquelas que não podem ser divulgadas de maneira alguma por conta da necessidade de ser mantidas em segredo a todo custo?
É certo que muitas decisões devem ser mantidas em segredo, pois o vazamento destas podem acarretar favorecimentos para alguns setores, prejuízos para outros e até mesmo a difamação do nome da empresa pela sociedade.
Como nas empresas, são omitidas para a maioria dos mortais, informações de como funcionam as estruturas da nossa sociedade. Ensinamentos de como as coisas acontecem e por que são assim em todos os aspectos, nunca chegam aos nossos ouvidos. Ensinam-nos desde pequenos que a sociedade é organizada de maneira que todas as práticas nela executadas têm um propósito de beneficiar o bem comum e alcançar de maneira justa a todos os cidadãos dela integrantes. Só que existe um detalhe, não nos é informado de que maneira isto ocorre e como exemplo, vamos analisar o tema trabalho x capital sem referenciar as teorias ensinadas nas escolas.
A relação trabalho x capital é um tema alvo de divergências inesgotáveis e de tudo que já foi descrito sobre este assunto, só gerou debates acalorados sem apresentar um alinhamento coerente das opiniões. Cada um aceita sua própria convicção conforme lhe convém esperando de maneira infantil a aprovação dos demais para se sentir confortável no debate. É uma maneira irresponsável de abordar o assunto já que se trata de uma situação que afeta a todos e é momento para deliberarmos a respeito, pois paira no ar, novos movimentos no sentido de ajustar esta tão desgastada fonte de conflito.
Há uma nova visão que trás à luz do nosso tempo, o verdadeiro cenário em que está montada a realidade dos fatos. A força do Estado constituído é relevante e o poder emanado por ele, ofusca nossa visão, pois não queremos vislumbrar a verdade. Na organização de nossa sociedade não existe outra figura que não a do trabalhador embora seja apregoado que o mesmo, seja apenas aquele que produz, recebe uma remuneração e sofre demais. Trabalhadores somos todos nós que cumprimos o destino construindo ou ajudando a construir algo em favor do bem comum. Padres, professores, policiais, políticos, médicos, artistas, faxineiros, empresários e tantos outros cidadãos que participam da sociedade, fazem seus trabalhos esperando receber uma compensação justa e merecida que dê a motivação necessária para restabelecer as energias e o entusiasmo para continuar dia após dias nesta rotina infindável.
O trabalhador, que grita contra as injustiças derramadas sobre ele, reclama contra os supostos exploradores da sua mão de obra atribuindo a si mesmo, o martírio da construção da nação não observa que os que ele acusa, também cumprem o papel imposto pela sociedade organizada. Podemos aqui, classificar agora, os não trabalhadores como aqueles que produzem absolutamente nada e vivem de oportunidades como os investidores e mendigos que representam o fim de uma cadeia de ações que visam a circulação do capital.
Partindo do pré-suposto que o ser humano nada quer fazer, seria mais interessante fazer nada e aproveitar o tempo desfrutando das regalias que a natureza nos proporciona. Então, ter toda a liberdade do mundo, dormir até cansar, desfrutar da presença dos amigos, viajar quando der vontade, namorar a vontade e tantas outras mordomias que a vida nos proporciona sem ter que trabalhar não seria maravilhoso? E então, por que não fazemos isto?
É que alguém tem que trabalhar e todos nós estamos de acordo ou nada disto seria possível. Como todos nós estamos de acordo, é necessário que nos organizemos para criarmos os mecanismos que permitam a todos participarem desta empreitada. Chamamos isto de sociedade.
O Estado é o cérebro da sociedade que lidera e coordena as ações em prol do grupo que representa, pois toda vez que os indivíduos sentem a necessidade de se agrupar para desfrutar das benesses da união, se fazem necessários as lideranças. É uma lei imposta pela natureza e, embora não concordemos em absoluto com isso, não temos como alternativa, a independência desta circunstância. As ações sempre têm que ser emanadas por um comando e acolhidas pelos demais membros do grupo que por sua vez, escolhem o comando.
Como é conhecido em vários países, o Estado é uma máquina administrativa que não gera renda própria e vive da renda dos demais trabalhadores. Comete uma insensatez aquele que acusa o trabalho nas repartições publicas de desnecessário e improdutivo. Esta acusação é fruto da ignorância que se revela pela simples falta de informação e de conhecimento das atividades desenvolvidas por estes profissionais tão desacreditados. Não conhecemos as dificuldades que enfrentam para tentar deixar as coisas em equilíbrio com os recursos que a sociedade (todos nós) lhes fornece. Imaginemos administrar um país com dimensões continentais igual ao Brasil que possui uma população estimada em mais ou menos, duzentos milhões de habitantes. Embora muita gente pudesse afirmar que seria fácil reconhece-se que é a mais pura manifestação boçalidade de alguns, pois sabemos que é nada fácil
A iniciativa privada sempre tenta desqualificar o papel do Estado na sociedade atraindo pra si, o reconhecimento de sua participação em prol do bem comum. Em contrapartida, vende uma imagem relativamente negativa dos administradores públicos com a intenção de compensar a baixa auto-estima da qual sofre, pois bem sabe que ela sim é a grande vilã. O Estado por sua vez, cumpre o papel de proteger o trabalhador empregado pela iniciativa privada defendendo o interesse deste diante das arbitrariedades imposta por esta. A sociedade que somos todos nós, tem como aliado, o Estado, pois este é constituído pela sociedade e por esta, é responsável e defensor dos seus interesses e de fato, é isto que acontece. Como uma mãe caridosa, acolhe a iniciativa privada mesmo sendo ela, uma filha rebelde que desafia a autoridade superior para se promover.
O Estado é constituído de três poderes. O Executivo, Legislativo e Judiciário, todos são organizados de maneira que cada um cumpra seu papel com a finalidade de manter o equilíbrio nas demandas da sociedade. O Executivo não pode exceder de suas prerrogativas além do que determina o Legislativo que por sua vez, encontra no Judiciário, o guardião das diretrizes criadas por este. O Legislativo cria diretrizes para equilibrar as relações entre o capital e o trabalho determinando direitos e deveres que cada um dos lados tem que cumprir para não prejudicar um ou outro na relação.
Existem contratos que devem ser seguidos e cada desvio cometido por uma das partes envolvidas corrompendo o que está determinado nas cláusulas deste, deverá ser compensado de maneira a restabelecer o equilíbrio inicialmente tratado. Uma situação tão óbvia que jamais alguém poderia evocar o tema desta maneira para exemplificar um contexto, pois não é de se acreditar que a maioria das pessoas não conhecesse estas regras. A impressão que é passada às pessoas é que se não conhecêssemos estas lógicas, a mesma não poderiam ser aplicadas a todas as situações conflitantes e quando se esconde a verdade, alguém leva vantagem em detrimento dos que são prejudicados.
Embora nas organizações tenhamos uma visão de “barata” é importante saber que existem outras dimensões a serem exploradas para conseguirmos ver as verdades ocultas por de trás dos bastidores. Esconder a verdade das pessoas é uma prática que conhecemos desde crianças quando nossos pais, na tentativa de fantasiar nossa infância e tornar nossas vidas mais encantadoras do que de fato seriam, mentiam sobre muitos assuntos do nosso interesse acreditando que se conhecêssemos a verdade sobre eles, não cresceríamos adultos saudáveis.
Na crença de que estariam eles fazendo o correto e este fato não acarretariam problemas posteriores, nossos pais tem o nosso perdão, pois até que se prove o contrário, a atitude tomada por eles não trouxe sérias conseqüências para nossas vidas adultas.
Nas organizações existem assuntos que não são tratados de maneira clara e objetiva entre os membros desta já que é um senso comum que além de não ser do interesse de todos os mesmos assuntos podem ser utilizados de maneira negativa acarretando graves conseqüências para a mesma.
Normalmente, as organizações se colocam no centro do universo chamando pra si, todas as atribuições sobre o sucesso e destino dos membros desta passando a falsa idéia de que as coisas acontecem na vida do colaborador, dependem exclusivamente dos resultados que este conquista para justificar a sua presença nela. Com este argumento, ela se coloca acima da sociedade e o único propósito de desqualificar o trabalhador membro desta, é conseguir vantagem para si mesma.
Na realidade, a sociedade organizada é detentora desta prerrogativa e as organizações são instrumentos de integração entre o capital e os membros desta. Instrumento este, responsável em elaborar e promover as atividades importantes para um bom andamento da sociedade de uma maneira ampla trazendo benefícios para todos. As atividades essências são frutos da colaboração de grupos de cidadãos que reconhecem as necessidades básicas da sociedade e criam serviços e produtos que vêem de encontro a suprir a falta destes. O Estado entra como representante da sociedade facilitando através de incentivos fiscais ou financeiros, a criação de novas organizações e promovendo a manutenção das já existentes com o propósito de facilitar ao cidadão, o acesso ao trabalho e aos recursos financeiros para a manutenção da sua existência. O capital disponibilizado pelo Estado é visto como estimulo para a iniciativa privada executar o papel que a sociedade lhe determinou e este deve voltar para o financiador, pois a ele, este pertence. Isto nos faz ver outra realidade referente quanto a questão do capital x trabalho. Tira o trabalhador da condição submissa a qual se submete nas empresas e resgata a ele, um papel muito mais importante que o mesmo acredita estar exercendo no mundo em que vive.
Não tratamos aqui, questões ideológicas que visam apenas a atrair simpatizantes à uma teoria socialista com traços políticos visando assumir cargos públicos para se auto-promover e sim, trazer a luz do conhecimento geral, a necessidade de sabermos quais são as realidades que nos são omitida com o propósito tirar de nós, a possibilidade de participar de maneira efetiva nas decisões importantes que afetam nossas vidas.
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