Quantas vezes sentimos a sensação de estarmos cometendo um grande erro e que as conseqüências se voltariam contra nós mesmo. Sentir esta sensação incômoda é sinal de que estamos conectados com a realidade e é uma maneira de revelar que a natureza nos disponibilizou de uma ferramenta de autodefesa contra absurdos que por ventura, viéssemos cometer.
Embora esta capacidade esteja disponível para a maioria absoluta das almas deste nosso querido planeta, foram constatadas algumas ocorrências que negam esta afirmação por conta de alguns pequenos tropeços apresentados em situações cotidianas. Por exemplo, podemos ilustrar a situação de um vivente que se coloca em um estado de endividamento pleno e de maneira inconseqüente, se nega a saldar suas obrigações financeiras sob a alegação que não é justo ter disponibilizar seus recursos para quitá-las. Diante de tal circunstância, o referido endividado toma a decisão de virar as costas para o problema, pois acredita que desta maneira, tudo estará resolvido.
É verdade que dizem que “o que não se vê, não nos atinge”, porém não é muito razoável acreditar nesta hipótese e no caso deste nosso personagem, as conseqüências serão nada agradáveis para a sua saúde financeira. Protestos virão em profusão e o nome do coitado será incluído em diversas listas negativas de crédito. Este é o clássico “tiro no pé”, pois o sujeito criou uma situação em que a maior vítima é ele mesmo.
Esta ilustração serve para apontar um problema que nos parece pouco importante já que atinge apenas um sujeito desleixado com suas obrigações financeiras e que as ocorrências acontecem em campos diferentes dos que nos propomos aqui discutir.
No caso das organizações, as ocorrências afloram em setores extremamente importantes para a permanência desta no mercado e que a gama de decisões é imensa no tocante ao andamento dos negócios. O setor Comercial das empresas é o alvo desta deliberação.
Portador das mais variadas atribuições, o setor Comercial é extremamente importante, pois este se apresenta como a porta de entrada e saída de todas as atividades relacionadas com a também importante entrada e saída de recursos financeiros.
Às vezes, como um vírus infectante que ataca as mentes brilhantes dos profissionais desta área, a necessidade insana de reduzir custos leva os mesmos ao delírio e como um capitão alucinado, leva a naus a deriva por não entender que há um momento para se por um freio nas ações voltadas para estes fins.
Como se fosse um surto de autofagia, os responsáveis por compras vão apertando o torniquete dos custos operacionais até o estrangulamento total das atividades da organização e a eles restarão apenas o consolo da derrocada da empresa.
Então com as ruínas estabelecidas, vem a justificativa de receberam ordens superiores e que apenas tentaram atingir as metas estabelecidas pela alta direção da empresa a mando dos acionistas majoritários.
Parece obra de ficção, mas este relato revela uma situação muito comum e recorrente que se possa imaginar e bem sabemos que existem muitas organizações agonizando por conta disto.
Profissionais da área da “Qualidade” vivenciam estas situações quando prestam assistência para muitas empresas que se colocam em pé de guerra contra gastos que acreditam desnecessário. Estas empresas se comportam como um "boxer" que está em vantagem na luta e derepente, muda de estratégia. Deixa de usar o ataque como defesa e passa apenas a se defender. A partir deste momento, mais golpes o pugilista vai sofrer e uma vez sendo golpeado, no momento do contragolpe, estará a mercê do opositor que poderá desfechar o golpe final.
Na organização, as maiores vitimas desta atitude suicida e insana, são os fornecedores com reflexos nas receitas deste por conta da equalização dos elementos despesas x receita.
Depois, a conseqüência desta ação desordenada dos responsáveis da área comercial, vai atingir a própria organização prejudicando os profissionais de carreira que possuem os mais altos salários. O efeito cascata virá em seguida, pois os custos terão que ser reduzidos de qualquer forma. Uma ação desastrosa vai acarretar em outra na tentativa de estancar a crise e o que se vê no fim do túnel, a derrocada.
Surtos de ansiedade serão presenciados em todos os setores da empresa e a loucura tomará conta das ações conseqüentes.
Os profissionais descartados farão falta para o bom andamento dos negócios, pois os novos colaboradores não conhecem bem as atividades controladas pelos não presentes e mesmo, a sobrecarga de serviço, não permitirão que estes desenvolvam a contendo, o serviço de maneira adequada trazendo diversos contratempos para todos.
Antes de tudo isso, as coisas estavam andando bem até que apareceu alguém para melhorar e deu no que deu, falência.
As empresas encontram um determinado equilíbrio financeiro durante sua vida e é importante observar isto por se tratar de um evento que vai ocorrer naturalmente e tentar alterar o que foi encontrado naturalmente, é correr riscos desnecessários.
É importante acreditar que, iguais a nós, as empresa, cidades e tantos outros elementos que existem, atendem o mesmo apelo natural que é a sobrevivência e tentar mexer nisto, pode trazer conseqüências não previstas e há de se tomar muito cuidado quando se fizer necessário alterar os desígnios da natureza.
Existe uma palavra mágica que pode ser levada em consideração quando for revelado este estado de coisa que poderá trazer conseqüências sérias para toda a cadeia produtiva que participamos.
Esta palavra é a “rebeldia”. Estando em nossas mãos o poder de decisão para escolher o caminho a ser trilhado por que não fazer a escolha correta no momento de definir os rumos dos negócios da organização?
O que é bom para a organização tem que ser bom para todos que orbitam a mesma. Funcionários, fornecedores, sociedade e os acionistas são beneficiários das ações equilibradas que tomamos no dia a dia de trabalho.
Pensar desta maneira no mínimo é sinal de coerência.
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